10 de março de 2012

Entrevista Thiago Vilard

Hoje convido todos vocês a conhecerem mais um talento nacional. O convidado da vez é o autor Thiago Villard e desde já agradeço pela atenção que ele dispensou.
 Espero que vocês gostem!!

ML - Para começar fale um pouco sobre você e sua carreira.
Thiago - Bem, eu posso dizer que a minha carreira começou quando tomei consciência do que realmente eu queria fazer da vida, que era contar histórias. Isso por volta já dos meus 8 anos de idade. Eu tinha a coleção de bonecos do He-Man e criava as minhas próprias histórias, eram como novelas ou filmes que não tinham fim.  Logo comecei a escrever redações na escola e sempre era muito elogiado pelos professores.  Participei, inclusive, do concurso de redações do livro ”O Pequeno Príncipe”, promovido, na época, pela editora Agir. Não fui classificado, acho que meu texto era “adulto” demais para o que eles buscavam. Um pouco mais tarde, escrevi num caderno o que hoje é a história do livro que tenho publicado em Portugal, chamado “O Falso Profeta”. Reescrevi este livro várias vezes, até que ficasse, pelo menos de forma básica, publicável. Lembro que o primeiro romance adulto que peguei para ler foi “Tieta do Agreste”, do genial Jorge Amado, e me fascinei por aquele tipo de escrita, o que me influenciou e ajudou bastante. Também escrevi muitas peças teatrais para as aulas de Artes Cênicas que eu tinha na escola. Foi uma época muito boa da minha vida.

ML - Sabemos que não é nada fácil publicar um livro. Como foi esse processo para você? E por que você tem um livro publicado no Brasil e outro em Portugal?
Thiago - De fato começar uma carreira profissional de escritor no Brasil é muito difícil. O mercado editorial é muito exigente. É preciso insistir e não deixar o desânimo tomar conta. Foi o que eu fiz. Já tive um original recusado por uma grande editora, acho que quase todo aspirante a escritor passou por isso. Hoje entendo que um dos erros mais corriqueiros de início de carreira é justamente esse: querer começar do mais difícil.  A dica é procurar editoras novas, que estejam apostando em novos talentos. Neste ponto, a Multifoco saiu na frente e tem tudo para se tornar uma das maiores no ramo. Tem muita gente boa lá. A equipe de editores é excelente. Fui orientado a enviar o meu original para a Multifoco através de um amigo também escritor, que já havia publicado com eles. O meu livro passou por uma análise, esperei alguns meses com muita ansiedade, até que um dos editores entrou em contato comigo e disse que meu original tinha sido aprovado.  Logo começamos a nos programar para a publicação e posteriormente para o lançamento. A publicação de Portugal seguiu mais ou menos o mesmo processo. Fiquei sabendo que a editora de lá estava à procura de novos autores de língua portuguesa, enviei o meu original para eles e o restante que se seguiu foi igual ao trâmite na Multifoco. Só lamento não ter podido estar no lançamento do “O Falso Profeta” em Portugal, na ocasião não tinha como eu me ausentar do Brasil, tinha compromissos que exigiam que eu estivesse aqui. Mas fiquei sabendo pela editora que o lançamento foi um sucesso: o livro se passa na década de 30, os personagens falam um português rebuscado e isto agradou bastante os leitores lusitanos.

ML - Pelo que li na sinopse dos seus dois livros, você gosta de explorar as relações humanas. Estou certa sobre isso? Fale um pouco sobre suas obras e como surgiu a inspiração para escrevê-las.
Thiago - Você está certíssima. Sou um aficionado pelas relações humanas. Aliás, a mente humana é a “máquina” mais fantástica que se tem, e nunca chegamos a entendê-la completamente. Isto me faz querer explorá-las ao máximo, sempre investigando comportamentos e causas. Vou falar um pouco das minhas obras. O primeiro livro que escrevi foi O Falso Profeta; como já mencionei, a história original foi escrita num caderno, praticamente por uma criança. Sofri influência das histórias que li de Jorge Amado, de algumas novelas e também de filmes. Pensei numa história interiorana, de época, aonde um forasteiro chegaria para mexer com os costumes daquela cidade. Um clichê. Primeiro escolhi a época em que se passaria a história, optei pela década de 30, por ser uma época que sempre me despertou curiosidade e fascínio.  Depois escolhi a cidade, pensei em várias, e por último optei por Ouro Preto. Em Por dinheiro, pela vida, a inspiração veio de uma forma meio inusitada: também quando criança e na minha pré-adolescência, eu costumava ir vez ou outra ao trabalho da minha mãe, que ficava no centro do Rio do Janeiro. No caminho, eu ficava observando aqueles prédios, aquele aglomerado de pessoas apressadas, etc. Porém um prédio me chamava mais a atenção do que outros: o prédio do BNDES. De tanto observá-lo, comecei a montar uma trama, um folhetim com fortes traços novelescos que se passava dentro de uma grande empresa, que ficava naquele prédio. Pensei na personagem principal, que seria o fio condutor de toda a trama, no caso a vilã. Daí fui desenvolvendo outros personagens e histórias paralelas.

ML - Como tem sido o retorno dos leitores sobre sua obra. Era o que você esperava?
Thiago - O retorno tem sido razoável, além do que eu esperava. Acho que nenhuma história nunca será unanimidade, por questões de gostos, pontos de vista e outros fatores que compõem a vida de um leitor. Uma amiga minha leu o Por dinheiro, pela vida, disse que gostou, mas ficou frustrada. Ela disse que sentiu falta de punição para alguns vilões da história, e também chateada porque “matei” a personagem que ela mais gostava. (risos) Mas de um modo geral, talvez as minhas histórias agradem por conter elementos de fácil compreensão. Eu não escrevo para catedráticos, mas sim para o grande público: desde o empresário até a dona de casa. Acho muito chato isso que algumas pessoas tentam fazer com a literatura, torná-la vanguardista demais, pernóstica. Isso limita o poder de alcance da literatura. As pessoas passam a ver os livros como algo chato, maçante, e isso não é bom.

ML - Você tem um blog que não é voltado para a literatura ou criação ficcional. Tratam de assuntos diversos, um tanto filosóficos. Por que resolveu criá-lo?
Thiago - Na verdade os textos do blog são compilações de um livro de Ensaio que eu pensava em publicar este ano. Entretanto, penso que ainda não estou maduro o suficiente para escrever Ensaios, então resolvi dar um destino digno e útil para os textos que já havia escrito: divulgá-los no blog para que as pessoas possam ler e refletir sobre aqueles assuntos. Criei o blog em janeiro deste ano e já conto com a participação de 42 membros, é um número modesto, porém minha preocupação é passar uma mensagem para o maior número de pessoas possível, independente de quem participe do blog ou não.

ML - Fale um pouco sobre o seu processo de criação. Como funciona? Busca inspiração em algo?
Thiago - Eu busco inspiração nas pessoas que vejo ou conheço no dia a dia, nas histórias que ouço, nas notícias que leio, etc., e também nas músicas. Eu diria que as músicas têm um papel indispensável no meu processo de criação.  Só trabalho com o rádio ligado.  Ouço muita MPB e Bossa Nova.  Adoro os dois gêneros.  Elis Regina, Maysa, Nana Caymmi e tantas outras já me ajudaram muito a criar meus personagens, embora não saibam. (risos) E prefiro as madrugadas para escrever, no entanto tenho escrito em todos os horários, a depender dos compromissos que tenho diariamente nessa vida louca. Fico triste quando passo um dia sem escrever, me sinto mal. Escrever é muito bom!

ML - Quais suas metas a curto e médio prazo? Você já tem algum outro projeto literário?
Thiago - Tenho contrato com a Multifoco aqui no Brasil e com a Lua de Marfim em Portugal. Pretendo entregar outro romance para a Multifoco ainda este ano, se correr tudo dentro do previsto. Já tenho em torno de 60 laudas escritas, mas ainda tem muita história pela frente para ser contada. Acho que esse romance vai superar em muito os outros dois já publicados. Para a Lua de Marfim ainda não tenho nada em mente, mas criarei outro romance, específico para ser publicado lá. Fora isso, escrevo para o teatro também. Tenho uma peça para ser montada no Rio, ainda sem data para estrear, vai tramitar na Rouanet e depois vai para captação, mas com alguns atores e atrizes de peso já confirmados no elenco, e com um diretor excelente. E com outra peça para estrear no fim de maio em Belo Horizonte, onde formei um grupo de teatro com atores talentosíssimos da PUC-Minas. Fora outros projetos no ramo do audiovisual.

ML - Agradeço muito pela disposição em ceder seu tempo para esta entrevista. Gostaria de deixar algum recado para os leitores?
Thiago - Eu é quem agradeço a oportunidade de estar aqui, adorei. Parabéns pelo seu blog é de extrema qualidade. Queria pedir aos leitores que conheçam um pouco mais do meu trabalho e que opinem sobre ele. Nenhum artista existe sem o público. Aliás, deixo o endereço do meu blog para quem quiser conhecer um pouco mais dos meus textos e dos meus pensamentos: www.thiagovilard.blogspot.com . Lá tem a indicação dos meus dois livros também, o daqui e o de Portugal.
Mais uma vez obrigado e um forte abraço em seus leitores!

Agradeço novamente ao Thiago por essa entrevista.
Agora que já conhecemos um pouco mais sobre ele, que tal conhecermos um pouco mais sobre suas obras?

No início da década de 30, um forasteiro chega à cidade de Ouro Preto. Ele se diz profeta e anuncia que uma grande tragédia está para acontecer. A notícia mexe com os moradores da região e desperta a ira dos mais poderosos, que acreditam que o tal homem não passa de um golpista. Em uma trama repleta de suspense, mistérios e paixões intensas, o leitor descobrirá um estilo narrativo diferenciado, com personagens marcantes e histórias envolventes. O Falso Profeta busca uma leitura agradável e tem como principal característica o dinamismo de um verdadeiro folhetim, ilustrado por Regina Leitão.

A Miranda Minérios S/A é uma gigante do ramo de mineração, com sede no Rio de Janeiro, reconhecida internacionalmente por seu know-how. Wilson Miranda fundou a empresa e anos depois passou o controle acionário para a filha caçula, Maria de Fátima Miranda. Os seus dois filhos mais velhos, Robson e Bárbara, nunca entenderam a predileção do pai pela irmã mais nova, porém não se opuseram à escolha na época. A aparente paz em família e nos negócios começa a mudar quando se descobre que a empresa está prestes a abrir falência. Inicia-se a partir de então uma trama perigosa, envolvendo chantagens, amores impossíveis, mentiras, assassinatos e, ao fim, a revelação de um grande mistério envolvendo a escolha de Maria de Fátima como presidente da companhia.